Cultura
O Pessoal, o Bora e a música autoral no Ceará PDF Imprimir E-mail
Escrito por Administrator   
Sex, 10 de Junho de 2011 11:42

São vastos os caminhos possíveis para se contar uma história, inclusive na hora do almoço, como na bela canção de Belchior: “No centro da sala, no canto da mesa, agente se encontra, saudade e tristeza”. Da lembrança romântica daquilo que se viveu como testemunha de um movimento regional, de uma coletividade, de um aspecto social, da atmosfera de uma cidade, naquela época, simples e bela.  Caminhar a vida, recontar a história embalado nas cores e na calda de um “pavão misterioso, pássaro famoso” de Pedro Ednardo.

Não só por ter convivido com o Pessoal do Ceará de forma privilegiada, eu assumia e pensava numa poesia romântica porém revolucionária em pleno final da década de 60, como na canção Camuflagem 67: “É o  canto da juventude cantando a verdade, que o braço operário é realidade, que o poder é forte no mundo das armas mas ouvimos os brados de liberdade”. Fui trucidado pela censura. Hoje, uma epopéia, por assim dizer,  cujo interesse vem aumentado nos últimos tempos, nossos artistas cujas dimensões  e importância ainda fazem por merecer mais relatos  à altura, agora, totalmente livres. Na bagagem, cabem, ladeados, Rodger Rogério, Teti, Raimundo Fagner, Belchior, Ednardo, Wilson Cirino, Petrúcio Maia, Fausto Nilo, Amelinha, Claudio. A partir de influências de múltiplos vértices, entre Luis Assunção, Humberto Teixeira, Beatles, Bob Dylan, Bossa Nova, Tropicália e Clube da Esquina, o Pessoal do Ceará compartilhava Fortaleza do anos 1960, fervilhando música e convergência, na estrada rumo ao sul e à sorte. O Brasil olhava para os “novos cearenses” a tecer a renda dessas reflexões musicais.

Em março de 2010, estreia o primeiro espetáculo coletivo do movimento musical Bora (Ceará Autoral Criativo). O grupo, que não tem as mesmas pretensões do Pessoal do Ceará, lançou um CD coletivo em Setembro de 2010 no Passeio Público de Fortaleza. A proposta é de um trabalho artístico coletivo, uma produção cultural independente que valoriza a diversidade e a riqueza da música local, possibilitando a liberdade criativa, inclusive a instrumental.  Seus principais membros e fundadores são Alan Mendonça, Janaina Braga, Juliana Rosa, Felipe Breier, Wilton Matos, Leonel Fukuda e Davi Silvino.

O Ceará Autoral Criativo participou ativamente, em 2010, dos Fóruns Gerais de Linguagem Artísticas no teatro Morro do Ouro, anexo do centenário Theatro José de Alencar. Representando com dignidade os músicos cearenses, as reuniões do enecontro geraram o Pacto pela Cultura no Ceará, uma petição pública online. O movimento está engajado nas discussões da  classe artística cearense sobre gestões e políticas públicas da cultura, financiamento público e ocupação dos espaços e centros culturais da  cidade.

 


Aurísio Cajazeira
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