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Escrito por Administrator |
Sex, 10 de Junho de 2011 19:01 |
Entre homenagens e mostra de estudantes da escola pública, a 21ª edição do Cine Ceará demonstra a maturidade e a força do cinema cearense
O auditório do secular Theatro José de Alencar estava apinhado de gente que, entre um papo e outro e diversos cliques fotográficos, esperava pela abertura do 21º Cine Ceará. E não era para menos. O festival, que antes era realizado no tradicional Cine São Luiz, cresceu, migrou para o espaço do Theatro, tomou uma dimensão ibero-americana e se tornou uma das principais mostras competitivas do País, entre dezenas de outras.
Esse reconhecimento, que transborda as fronteiras nacionais, põe em evidência o crescimento e amadurecimento da produção cearense. Muito bem recebido pela crítica, O Grão (2008), primeiro longa-metragem de Petrus Cariry, é exemplo da constatação. Heitor Augusto, do portal UOL, escreveu que “O Grão serve de puxão de alerta para a produção jovem do Ceará, que tem dado exemplo de criatividade e busca de novos caminhos para o cinema”.
Troféu Mucuripe Três anos depois de O Grão, Petrus – filho de um dos maiores nomes do cinema cearense, Rosemberg Cariry – volta à mostra do Cine Ceará, concorrendo ao Troféu Mucuripe com seu Mãe e Filha. O filme mostra o reencontro, no Sertão – um protagonista à parte na obra dos Cariry –, entre mãe e filha, permeado por ruínas e lembranças. Além da representação de Petrus Cariry na mostra competitiva, concorre também outra produção cearense. Homens com Cheiro de Flor, do cineasta Joe Pimentel, gira em torno do universo da pistolagem, a partir das diferentes histórias de três pistoleiros, que se entrecruzam e revelam a esfera de lendas, costumes, desejos e valores dessas figuras. Joe Pimentel co-dirigiu o sucesso de bilheteria Bezerra de Menezes – Diário de um Espírito, filme que deu o pontapé inicial para uma corrente de bem-sucedidas películas sobre espiritismo (entre elas, outra cearense – As Mães de Chico –, até pouco tempo em cartaz no circuito nacional de cinema). Em entrevistas anteriores, Joe disse que duas das dificuldades em se fazer cinema no Ceará são a falta de tempo e questão da distribuição. É para contornar esta última que se contratam atores globais nas produções locais. Representatividade cearense Joe e Petrus representam o Ceará numa competição na qual concorrem nove longas-metragens, de seis países diferentes: Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Espanha e México. A adaptação do festival ao formato ibero-americano ampliou o número de inscrições, acirrou a competição e isso, claro, reflete na quantidade de filmes cearenses na mostra. Entre cineastas e cinéfilos, houve algumas queixas de pouca representatividade do Ceará e do Nordeste na programação. Mas outra parte dessa massa adepta ao cinema não vê problema nisso. Pelo contrário. Para a protagonista de Mãe e Filha, Juliana Carvalho, o cinema cearense está bem representado na mostra. “Acontece que agora vem filmes de vários lugares”. O fato de dois cearenses concorrerem, dentre a produção de diversos países, demonstra a atual força da nossa produção cinematográfica, apesar da dificuldade que se tem estando fora do eixo Rio-São Paulo. Como muito bem resumiu Heitor Augusto, naquela crítica a O Grão, essa produção é “a ponta de uma longa corda comum nos festivais, mas ausente do circuito comercial”. Laila Cavalcante
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Última atualização em Dom, 12 de Junho de 2011 18:05 |